Um número significativo de juízes de basquetebol reuniram-se, na passada sexta-feira, simultaneamente em Lisboa e Aveiro e foi unânime a perplexidade de todos perante as medidas apresentadas pela FPB e apoiadas, segundo a mesma, pelos clubes, as quais visam, mais uma vez, apontar os juízes como o bode expiatório e os responsáveis pela má gestão financeira destas entidades.
Desde a época de 2008/09, apesar do incremento de jogos nacionais, os custos de arbitragem sofreram uma redução líquida global de 6,3%, o que em termos reais representam uma redução de mais de 10% por cada jogo. No entanto, devido à redução das comparticipações do Estado em cerca de 15%, a FPB entende que os juízes devem encaixar uma redução real de 25% nos custos de arbitragem - apesar dos prémios de jogo não serem revisto desde há 4 épocas (2007/08) e dos custos de transporte terem sofrido um incremento de 40%.
Mais ainda, o último pagamento aos juízes refere-se aos jogos realizados até Fevereiro de 2011, agravado ainda mais pelo novo e penalizador enquadramento fiscal, implicando que muitos juízes já tenham liquidado o IVA de recibos emitidos e ainda não cobrados. E ainda é preciso contabilizar que as deslocações para os jogos são pagas pelos juízes, que estes estão obrigados pelo Conselho de Arbitragem a frequentarem ações de formação mensais em várias zonas do país as suas expensas, que têm de pagar o seu equipamento e seguro desportivo e ainda custeiam chamadas telefónicas e SMS a que são obrigados pelos regulamentos em vigor, faz com que os orçamentos familiares de cada juiz disposto para a arbitragem seja esticado ao máximo.
Em face desta gravosa situação, há o risco de degradar as competições oficiais com a proposta de reduzir o número regulamentar de juízes da Liga e na Proliga, exigir o pagamento de uma elevada taxa de inscrição sem a qual não podem exercer a sua atividade - uma situação discriminatória e que, enquanto prestadores de serviços em contínua situação de crédito por vários meses, nem sequer seria ético considerá-la - e, como se não bastasse, a suspensão de policiamento em várias competições, o que comporta um risco acrescido para os juízes. A resposta a isto? Cortes de custos exagerados e desproporcionais, eliminação de juízes com o risco de degradar a competição, pagamentos tardios, entre outros.
É ultrajante para os juízes, que são quem garante o desportivismo e o cumprimento das regras, serem tratados com total desrespeito e considerados como um custo dispensável. A titulo informativo para os menos atentos: os juízes de basquetebol frequentam formações periódicas, realizam testes teóricos e físicos, são observados e classificados mais de uma dezena de vezes por época, devem estar na localidade onde se realiza o jogo pelo menos 2 horas antes do mesmo, devem apresentar-se no pavilhão com 75 minutos de antecedência, encontram-se sobre elevada tensão e pressão externa durante este período e as 2 horas que dura um jogo e aufere um prémio de jogo - mesmo nas elevadas competições - inferior a muitos auxiliares de limpeza, com todo o respeito pela função destes.
Os juízes não pretendem sequer ponderar sobre estas medidas enquanto não virem os protocolos assinados com a FPB cumpridos, principalmente no que toca ao prazo de pagamento do serviço prestado. De qualquer forma, os juízes já contribuem há 5 anos para a redução dos custos de arbitragem e, até à data, enquanto agentes responsáveis pelo cumprimento das regras, têm cumprido religiosamente as suas obrigações: inscrições, exames médicos, presença nas ações de formação e pagamento dos prémios de seguros. No entanto, ninguém pode obrigar os juízes a atuar sem que os seus direitos sejam reservados e sem que lhe seja dado o devido respeito pela função honrosa que, a prejuízo do seu descanso e das suas famílias, exercem aos fins de semana durante 10 meses.
A Direção