"Os mesmos jogadores, treinadores e árbitros encontram-se muitas vezes durante as suas carreiras e competições em que têm oportunidade de estarem presentes.Estabelecem-se conhecimentos, simpatias e credibilidades que são mais valias que servem de alicerces para um bom desenvolvimento da actividade que nos reúne, o Basquetebol.
Na minha experiência de 20 anos de jogador de Basquetebol sempre existiram mais e menos simpatias da minha parte por determinados árbitros. Achava que havia 2 ou 3 árbitros que quando arbitravam jogos em que eu participava, me perseguiam, não iam com a minha cara e não gostavam de mim. Nesses jogos cometia sempre 5 faltas.Quando fui para árbitro percebi que as ideias e suposições que eu tinha interiorizado na minha cabeça como jogador não eram reais.
Um dia num jogo que eu estava a arbitrar e depois de eu ter marcado logo no 1º período de jogo e em jogadas seguidas duas faltas consecutivas ao mesmo jogador ele dirigiu-se a mim duma forma irritada e perguntou-me:
-Eh pá, tu não gostas mesmo nada de mim, pois não? Já é a segunda falta que tu me marcas, andas a perseguir-me?
Aconteceu nessa altura um pedido de desconto de tempo que salvaguardou três coisas: O jogo, o jogador e o árbitro.
O desconto de tempo ajudou-me a reflectir a refrear conduta mais agressiva e a combinar com o meu colega que se acontecesse nos próximos e largos minutos de jogo alguma falta cometida pelo dito jogador teria que ser ele a intervir independentemente da zona de responsabilidade de cada um de nós, pois eu já não lhe iria marcar mais nenhuma. As faltas se existissem não poderiam deixar de ser assinaladas. Mas o árbitro, esse sim, poderia ser outro a decidir.
A minha forma casual de actuar nas duas faltas seguidas, tinham dado a impressão ao jogador e ao seu treinador que eu queria pôr aquele jogador na rua rapidamente com cinco faltas prejudicando aquela equipa intencionalmente.
Nesse jogo e nesse dia aprendi duas lições:
1ª – A ideia que eu fazia dos tais 2/3 árbitros quando era jogador não estava correcta. Agora estavam a bater à minha porta…
2ª – No futuro nunca mais tive problemas de relacionamento com aquele jogador. Consegui chegar ao fim do jogo sem lhe marcar mais alguma falta…
Um abraço e não se esqueçam que o vosso próximo jogo é o mais importante que se vai realizar no País…
PS – Ah, já me esquecia de vos contar o resto da história daquele jogo. O jogador não cometeu 5 faltas, a equipa dele perdeu o jogo e no fim ele e o treinador vieram cumprimentar-me cordialmente.
António Coelho
O CAD Coimbra agradece ao António Coelho a disponibilidade e o profissionalismo demonstrado na eleboração deste artigo."