Espaço BasketCoimbra está de volta!

Dois anos depois está de volta o Espaço BasketCoimbra.
Embora havendo alterações de última hora, pois, vou continuar a assumir o cargo de Director Desportivo da equipa sénior masculina da AAC, vou tentar manter este Espaço actualizado.
Nele pretendo continuar a divulgar a actividade desenvolvida nesta nossa modalidade. Especial atenção à vida dos nossos clubes, os quais me elegeram seu Delegado na Federação Portuguesa de Basquetebol.
Num momento particularmente conturbado que o Basquetebol atravessa, mais do que nunca, um espaço virado só para a modalidade torna-se necessário.
Publicarei artigos de opinião, desde que devidamente assinados pelos seus autores e que se identifiquem com os princípios deste espaço.
Para tal devem remeter os textos para camg@mail.telepac.pt..
Vamo-nos vendo por aí... e por aqui.
Abraço.

domingo, 4 de setembro de 2011

EuroBasket: Norberto Alves analisa o que se passou até ao momento


Norberto Alves, publicou no sítio Ressalto, a sua segunda análise ao EuroBasket.

"Hoje é dia de descanso para o grupo de Portugal. Infelizmente, ontem, perdemos com a Polónia. Independentemente dos erros que cometemos em momentos cruciais, na minha opinião mereciam essa vitória face à atitude e desejo de vencer da nossa equipa. Lamento dizê-lo, mas quem critica a atitude dos nossos jogadores em campo e a forma como se apoiam uns aos outros dentro de campo, está a ser incorrecto e pouco objectivo na análise. Todos queríamos a vitória, mas tenho a certeza que mais do que ninguém, os jogadores e responsáveis pela selecção deram tudo para conseguir ganhar. E mereciam.

Olhando para os jogos disputados (tenho a possibilidade de os poder observar a todos), considero que Portugal manteve o bom nível defensivo do 1º jogo e melhorou a sua prestação ofensiva contra a Espanha e contra a Polónia. Parece-me evidente que isso resulta de uma adaptação dos nossos jogadores à intensidade com que se disputam estes jogos.

Quero realçar alguns aspectos ofensivos deste europeu e em que se notam os jogadores portugueses mais adaptados.

  • Ataque imediato do defensor directo logo que se cria alguma vantagem (quer através de bloqueios directos e indirectos ou através de corte), aproveitando o ligeiro atraso ou o desenquadramento defensivo do defensor. Esta capacidade de leitura e execução imediata é muito importante para quem ensina/treina o jogo: como vêm ao mais alto nível a célebre regra recebe e enquadra SEMPRE, não é de perto nem de longe observada pelos melhores jogadores quando reconhecem (“lêem”) essa vantagem. De facto, receber a bola e enquadrar com o cesto de forma tradicional (a célebre” tripla ameaça”),permite ao defensor voltar a enquadrar defensivamente entre o atacante e o cesto.

Ou seja, é fundamental ensinar os jogadores a ler o jogo, a reconhecer uma vantagem criada com o trabalho em equipa e aproveitá-la de imediato. Neste sentido, atacar logo na recepção do passe em vantagem, sem enquadramento, penetrando para o cesto de uma forma profunda (com um máximo de 2 dribles atingir a área restritiva) separa os melhores dos outros. Reparem, nos próximos jogos, em Navarro, Kaukenas, Macijauskas ou Deng (só para falar em jogadores do grupo de Portugal).

  • Em termos colectivos, também aqui se nota uma maior agressividade ofensiva de Portugal. A sucessão de combinações tácticas para se criarem vantagens é feita a maior velocidade de encadeamento (exemplo: recepção da bola após um bloqueio indirecto e a realização imediata de um bloqueio directo no sentido de aproveitar a tentativa de enquadramento do defensor atrasado).

Nas melhores equipas, esta velocidade de execução das combinações tácticas, associadas a diversidade/variabilidade ofensiva pode ser claramente observada. Mesmo em equipas pouco favoritas esta característica do basquetebol actual pode ser bem identificada. Saliento a execução ofensiva da Finlândia. Hoje, venceram a forte Bósnia assente nessa qualidade de execução colectiva dos seus ataques caracterizados por velocidade de execução, variabilidade de problemas ofensivos colocados e não existência de momentos “mortos” de agressividade ofensiva.

Gostaria ainda de falar um pouco sobre a selecção de Espanha e o seu modelo de jogo. No passado bem recente, com jogadores como Garbajosa e Jimenez, esta selecção jogava num sistema de 4 aberto. Ou seja, face à qualidade e versatilidade dos jogadores da posição 4 (extremo-poste), nomeadamente o seu lançamento exterior, Espanha jogava aquilo que hoje está na moda e que a maior parte das grandes equipas ou selecções utiliza. Com a saída destes jogadores da selecção e a “necessidade” de se jogar com os dois irmãos Gasol ao mesmo tempo (e com Ibaka ou Filipe Reis é o mesmo face ás suas características de jogadores bem interiores), Espanha tem jogado com um sistema de 2 interiores o que parece contrariar a tal moda referida. Alguns defensores dessa forma de jogar (com o 4 exterior) consideram que é por esse facto que Espanha não tem dado sensações de quem pode vir a vencer este europeu. Apesar de me identificar mais com essa forma de jogar mais aberta, e lembro que o seleccionador de Espanha (Sérgio Scariolo) também o é nas equipas de clubes que treinou, não penso que é por isso que os Espanhóis poderão perder - ou vencer - este europeu.

Colocar Pau Gasol a jogar de 4 ao lado do irmão Marc não pode ser a justificação para perder. O problema é colocar Gasol a jogar ao lado de quem não saiba jogar, ou pior ainda, não ter Pau Gasol.

Infelizmente, nós não temos Paus Gasols. Precisamos de energia positiva e trabalho árduo nos próximos anos no sentido de construir novos jogadores que honrem a nossa camisola como estes o têm feito. Precisamos de ideias claras sobre os jogadores que pretendemos construir e que o jogo actual exige. Precisamos de conhecer melhor o jogo actual, as suas características e como se treina esse jogo.

Precisamos de treinadores de formação e competição bem formados e informados que invistam na sua actualização permanente e não na sua condição permanente, assente em pseudoconhecimentos (científicos, práticos, de ex-jogadores, ou seja lá o que forem). Ninguém ensina o que não sabe, e ninguém pode jogar o que não aprendeu.

Em Portugal, muitos bons treinadores, trabalham em más condições: mereciam melhores! Lutem por elas apesar de parecer muitas vezes uma batalha perdida. Alguns maus treinadores (embora eles não o saibam) trabalham em boas condições. Estes últimos têm mais probabilidades de vencer. Que sorte para eles e que azar para o basket: vamos continuar sem conseguir produzir Pau Gasol. Resta-nos a… Gasolina. Que não pára de aumentar.

"